Veia Clemilda

“Veia Clemilda” é o jeito carinhoso que os genros da minha vó a chamavam rs. Talvez olhando de fora pareça grosseiro. Mas juro que não é. Era bem fofinho, na verdade.

A vó era demais, mas era braba. Botava a ordem na casa, organizava tudo, ensinava direito e cuidava muito. Mas era braba. Teve sete filhos, dois meninos e cinco meninas. O menino mais velho faleceu novo, o Tio Eduardo. Eu nem cheguei a conhecer. Agora, de homem, só o caçulinha, Tio Zé.

Das meninas é divertido analisar, todas diferentes entre si, mas incrivelmente todas muito parecidas com a vó. Olhar para a mão da Tia Helena é viajar no tempo, pois são idênticas as da vó. Como pode, né? Eu acho o máximo isso. Minha mamãe, às vezes, olho para ela e enxergo a vó, muito parecida e braba também rs. Acho que são todas brabas.

Aí vem a segunda geração, minha e dos meus primos. Somos em quinze, quatro meninas e onze meninos. Nos meninos não enxergo tanta semelhança. Mas as meninas continuam carregando a vó nos detalhes. Outro dia falei para o meu pai parar de cortar o queijo na toalha para não estragar, ele me olhou e disse “êh veia Clemilda”.

Acho que família é isso, né? Já faz uns anos que a vó não está mais entre nós. Mas, mesmo não estando, ela está. Simples e louco assim. Somos eternos entre os nossos. E mesmo que não quisermos, vamos levando pedacinhos daqueles que nos deram a vida e a história. Acho isso muito lindo.

A terceira geração já começou, vários dos meus primos já são casados e têm filhos. A família está cada vez maior. Não sei se um dia eu também terei, mas acho que seria sensacional ver, em uma pequena criaturinha, traços meus e de todas as pessoas que eu tanto amo nessa vida ♡

Foto Autoral – Minha avózinha linda. São Paulo, SP/2014.

Ainda sobre famílias, recomendo esse texto incrível que me emocionou no Blog da Bia: Quando a casa dos avós se fecha.

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