Quando você percebeu que era adulto?

Uma vez me perguntaram em qual momento da vida eu percebi que era adulta. E eu achei uma pergunta difícil de responder. Diria que em muitos momentos eu ainda não me sinto adulta. Não é que eu tenha algum complexo de Peter Pan ou qualquer coisa do tipo. Eu sei que já não sou mais nenhuma adolescente, mas acho que o amadurecimento é um conjunto de fatores e, ao contrário do que às vezes a gente pensa, a ordem das coisas nem sempre é linear.

Se fosse para escolher eu diria que existiram três momentos, até agora, em que essa noção de ser adulta bateram com vigor na minha porta. A primeira foi logo que o meu registro no CRQ (Conselho Regional de Química) saiu e eu fui efetivada no trabalho. Precisávamos de uns papéis para importação de produtos e para isso eram necessárias as assinaturas do diretor da empresa e a minha. Ele assinou com uma senhora elaboração, quase uma obra de arte e eu, em seguida, com a minha assinatura ridícula de criança rs. Nessa hora pensei, meu Deus, agora sou adulta preciso de uma assinatura decente!

A segunda vez foi quando comprei meu carro. Foi uma sensação até esquisita eu diria. Sei que parece bobo e talvez essa não seja uma prioridade na vida de muita gente, mas era algo que eu queria muito, então quando consegui fiquei muito feliz. Essas pequenas conquistas e realizações vão nos fazendo acreditar que realmente somos capazes, que realmente a vida é o que escolhemos fazer dela. Esses momentos são o início dessas descobertas e o impulso para almejarmos ir mais longe.

E a terceira e mais forte de todas foi quando assinei meu primeiro seguro de vida. Me vi escrevendo os nomes de quem eu gostaria que fossem os beneficiados e qual a porcentagem que cada um deveria receber se algo viesse a me acontecer. É meio pesado, né? Pensar na sua própria morte e decidir números para ajudar a “compensar” a sua falta com dinheiro para aqueles que mais amamos. Apesar de não ter sido um momento gostoso, acho que foi um momento importante e que me fez refletir muito sobre a vida.

Mas o fato é que no mesmo dia em que você assina um seguro de vida você se vê voltando para casa e ficando brava com sua irmã porque ela pegou seu batom. Ou você encontra com sua mãe e fica ali coladinha com ela assistindo a um desenho bobo de natal. Sai rolando pelo quintal com seu cachorro e depois vai cantar e dançar High School Musical no seu quarto (porque sim, sou dessas rs).

Entende o que quero dizer? Maturidade é um estado de alma, não é um processo linear de crescimento que atinge a plenitude e fica estagnado. Cada momento da vida nos pede um nível de maturidade diferente e, para sempre, quando eu tiver a oportunidade de apenas ser a criança que existe dentro de mim, eu serei a melhor criança que eu posso ser. E no momento de sair para enfrentar os desafios do dia-a-dia serei a melhor adulta que posso ser.

Talvez maturidade seja justamente a arte de aprender a dosar, saber aproveitar os momentos de acordo com o que eles exigem de você. Deus me livre esquecer de ser criança. A mini Gabi dentro de mim agradece.

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34 comentários sobre “Quando você percebeu que era adulto?

  1. Que texto lindo Gabi! E mais uma vez me sinto exatamente como você. Nem eu acredito que já tenho 25 anos e que sou oficialmente adulta, que tenho responsabilidades enormes, mas que ainda gosto de um filme romântico clichê, ou de ver desenhos. É um paralelo. Acredito que a maturidade está com a gente nas situações em que precisamos colocar essa parte de nós adulta em prática. Adoro ter o meu lado adulto o que me assusta um pouco e adoro ter meu lado adolescente também. É um misto de sentimentos. E acho que percebi que era adulta, quando assinei a minha carteira de trabalho, trabalhando em um local bom e renomeado, onde as pessoas me tinham como referência lá

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  2. Gabriela, perdoe-me, talvez, o pedantismo professoral, mas, preciso destacar duas coisas no seu post extremamente inspirador:
    1ª. Se eu fosse responder a esta pergunta, faria um ou mais posts, já que me inspirou, quem sabe, não escrevo sobre futuramente…
    2ª. É preciso distinguir maturidade de ‘adulticidade’. Tem muitas crianças maduras e muitos adultos infantis, imaturos. Aliás, como tem!
    Em tempo: ótima páscoa, Gabriela.

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    • Ia amar ler os posts, tomara que saia algo do gênero 🙏🏻🙏🏻
      E sim, Estevam, exatamente por isso que não considero um processo linear. Enxergo como algo interior é individual que no fim não necessariamente tem a ver com a idade.
      Feliz Páscoa, querido ❤️

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  3. Meu deus, eu nunca pensei em fazer um seguro de vida????
    Eu costumo brincar comigo mesma, quando me vejo em meio a muitas obrigações, que eu ainda sou um bebê, que não sei lidar com tudo isso. Ao mesmo tempo, eu sinto que, em diversos aspectos, amadureci um pouco cedo demais. A vida tem dessas, né?

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    • Eu só fiz por causa da empresa onde trabalhava. Tinha que fazer lá, se não acho que eu não teria pensado em fazer ainda tão nova. Acho que é igual seguro de carro, ninguém quer fazer, mas faz rezando para nunca ter que usar kkkk
      A vida tem muito dessas, chega a ser confuso. Mas acho que a gente vai enfrentando as coisas naturalmente. E aí depois que passa a gente pensa “meu Deus, como consegui fazer tudo isso?”
      Faz parte kkkkk
      Eu tenho uma amiga que fala igual a você. Quando está cansada ela solta um “ai eu sou um bebê, não quero saber dessa confusão” haha

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  4. Com a carteira de motorista, certamente, e também com a eleição, tanto dirigir quanto votar, com dezoito anos. Provavelmente muitas outras situações, mas estas são as que chamam mais atenção, que eu lembro agora.

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  5. Oi Gabriela. Penso que aconteçam em momentos diferentes. Adulto tem definição até biológica, jurídica, por exemplo. Maturidade, embora também possa seguir caminho semelhante, não igual, é realmente um processo mais lento, longo, de vivências, experiências sejam elas positivas ou não, felizes ou não, aliás, é a soma de tudo isso e mais um pouco que forjamos nossa maturidade. Há quem, infelizmente, por razões sociais amadurece e ser torna adulto muito cedo. A vida vai nos moldando de acordo com o viver e você tem razão não é linear esse viver. Mas, a questão de quando me tornei ou me senti adulto…bom, buscar na memória está difícil….acredito que foi quando fiz minha carteira de identidade. Naquele momento, o mundo parecia crescer à minha frente. O maior choque foi quando começaram a chegar as contas para pagar. Oportuna reflexão a tua, como sempre. Um imenso abraço, um beijo e continue sendo o que você é sempre, sendo criança, adulta e amadurecendo a cada dia. Muito obrigado, querida. Fica bem.💐❤️☮️❤️☕️

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  6. Nossa, seu texto me fez ficar pensando aqui. Acho que um dos dias que mais me senti adulta foi quando fui levar minha mãe e minha tia no médico, em um cidade que só eu conhecia, sendo responsável pelas duas. Lembro de parar e pensar, isso é ser adulta.

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  7. Nossa! Pausa para reflexão…acho que foi o dia em que eu decidi fechar o consultório e “abandonar” a psicanalista que eu fingia ser. rs Não tenho certeza. Mas acho que foi ali. E a conclusão veio ao lançar o meu primeiro romance. Porque um ato completou o outro. rs
    Nossa! Preciso escrever a respeito.
    Gostei

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    • É engraçado como às vezes os momentos que marcam fases da nossa vida não são percebidos enquanto acontecem, mas somente depois de concluídos e talvez até passado bastante tempo. De qualquer modo, é ótimo olhar para trás e sentir que foi a decisão certa.
      Fico feliz que tenha gostado, vou adorar ler suas reflexões sobre isso 😉

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